Por Caio Cesar dos Santos Almeida,
Há uma espécie de
ressentimento e frustração de ordem social, alimentados por um estilo de gestão
que não oferece diálogo à população, esse mal-estar também reflete uma
insegurança aos jovens em relação a seu futuro. Nos últimos anos, o Brasil
passou por profundas transformações, o que gerou fortes expectativas dessa
camada social, e há uma ansiedade justificada por parte deles se isso vai se
sustentar ou avançar nos próximos anos. Com essas manifestações cobrando maior
poder de participação da população nas decisões, colocou-se em questão a
maneira como está organizada a representatividade no país, onde fica claro que
é preciso repensar e modificar a relação da política com o povo.
Somos nós os
responsáveis pelo nosso futuro. Isso exige que comecemos por onde mais
conhecemos que no caso é o município onde residimos. As eleições municipais é a
eleição que mais mexe com os eleitores, os candidatos e os interesses a serem
defendidos são conhecidos da comunidade. Nessa estrutura, tornou-se famosa a
política do coronelismo, onde pessoas ou grupos políticos determinavam em quem
a população deveria votar e quais os investimentos que as prefeituras, estados
e o país deveriam fazer.Com essa mentalidade, ficou comum trocar votos por
favores. E o período eleitoral tornou-se uma oportunidade de se obter vantagens
pessoais. Portanto quando limitamos a política ao Estado e ao Governo, estamos
deixando de considerar o nosso papel como cidadãos. E, ao lado da pobreza
material, cresce a pobreza política, quando o povo não reclama políticas
públicas que atendam suas necessidades e direitos.
Porém vivemos um
paradoxo, se por um lado construímos avanços cada vez mais sólidos para o
funcionamento do sistema democrático, por outro, temos elevados índices de
desencanto e desconfiança dos cidadãos com os políticos e governantes. Entre as
razões do descrédito está a percepção de que as instituições são ineficientes
para responder às demandas da sociedade, e de que as motivações da maioria dos
políticos são egoístas e interesseiras. Na realidade, o que temos é que a
representação derivada do voto até hoje não foi substituída de maneira eficaz
por nenhuma outra fórmula. Nem mesmo as experiências de participação direta da
cidadania excluem a representação parlamentar e administrativa. Por isso é da
combinação dessa representação política com a democracia direta que brotará a
verdadeira democracia. A participação direta da cidadania proporciona, então, a
criação de uma esfera pública de controle do Estado, através do qual o eleitor
afirma a sua autonomia e responsabilidade.
A participação social,
entendido como a participação do cidadão na gestão pública, é um mecanismo para
a prevenção da corrupção e de fortalecimento da cidadania. A sociedade tem o
direito de pedir a todo agente público a prestação de contas da sua
administração, pois o papel principal do Estado é garantir a satisfação das
necessidades coletivas e o bom uso do dinheiro público. O gestor público tem o
dever de ser um agente catalisador de inovações transformadoras, com métodos e
práticas administrativas, no processo de firmar parcerias com todos os setores
e atores sociais, para delinear estratégias e melhorias contínuas, que se
revelem em desenvolvimento sustentável, dentro e além de seu governo. Se a
política é uma constante em nossa vida, devemos conhecer os modos pelos quais
podemos participar ativamente do processo político.
De certo modo, a
comunidade, ao não participar ativamente nas discussões dos projetos políticos
e de governo, permite que os grupos de interesse passem a deter poder e a
usufruir do resultado de suas negociações. É no município onde moramos que
convivemos com as estruturas de poder, sendo também o lugar privilegiado de
atuação cidadã. Para isso é fundamental conhecermos o município, sua história,
seus atores, seus problemas, suas conquistas e seus desafios. Por isso, a
vigilância e a participação cidadã devem ser constantes através de grupos e
organizações que garantam que a democracia de fato permeie as estruturas do
poder.
Caio Cesar dos Santos Almeida é Licenciado em Geografia, técnico em Meio ambiente e Bacharelando em Administração pública.